SODRÉ. Introdução a Geografia: A geopolítica.

SODRÉ, Nelson Werneck. Introdução à Geografia: A Geopolítica. 2ºed. Petrópolis, Ed.Vozes, (s.d.)



A Geopolítica


O autor Nelson Werneck Sodré, pesquisador e historiador autodidata, faleceu com oitenta e oito anos de idade, carioca e militar reformado como general, ele era membro do partido comunista, foi preso durante o regime militar no Brasil e suas obras foram censuradas durante este período. Sodré não teve formação acadêmica, mas algumas de suas obras estão sendo reeditadas e homenageadas entre as  Universidades paulistas como resgate de seu pensamento
No texto, o autor descreve a influência do determinismo geográfico com a geopolítica baseado na obra de Ratzel – antropogeógrafo-, onde justifica o espaço vital- o homem é fruto do meio -, sendo a ciência vinculada a ideologia. Havendo controvérsias aos chamados possibilistas – como Vidal de Lablache, francês -, que trabalha uma ciência de classe, baseado no gênero de vida  - o homem se adapta ao meio -, e na geografia cultural que justificou uma fase da história da colonização e dominação da burguesia.
A Geopolítica oriunda da geografia da fase imperialista, origina uma falsa democracia obscura, anticultural  e neocolonialista chamada de fascismo. A disputa imperialista por nova repartição do mundo leva a uma ascenção germânica, propiciando as condições que nos países em competição sugere a passagem do campo de Geografia para a Geopolítica como justificativa a espoliação colonialista ou imperialista.
Com o decorrer da história e o declínio da burguesia na fase imperialista, as teorias de Ratzel encontravam caminho aberto.
O sueco Rudolf Kjellén, influenciado pelos ideais de Ratzel, foi o formulador político da teoria geográfica, o primeiro a usar a expressão Geopolítica, que influenciou a Inglaterra, Alemanha e o Japão na corrida imperialista.. Sua influência também foi marcante no pensamento dos geógrafos alemães, discípulos de Ratzel, naquela fase especial em que os Estados Unidos entrava na guerra e começava a decadência alemã. Em 1922, a Alemanha atravessava a crise conseqüente da derrota., começava a aparecer a obra da Geopolítica, tendo como mentor desse movimento ideológico, que surge paralelamente ao nazismo, e das mesmas condições com ele se fundiria, o Major-General Karl Haurshofer, discutindo diferenças entre Geografia Política e Geopolítica, em que sustentava que esta era essencialmente dinâmica e constituía um modo de educar as massas no conceito de espaço e que seu princípio básico era: Espaço é Poder, o que se estende a influência à expansão Inglesa e Norte Americana.
Ultrapassando seus limites com o nazismo, a Geopolítica alemã, teve sua época sombria. Um processo de capitulação da inteligência diante da força, se repetiria mais em diferentes proporções: nazismo e o fascismo, que conforme o autor “são necessariamente obscurantistas, inimigos da cultura pelo fermento da verdade que ela tem” (p. 64).
A Geopolítica alemã teve fins trágicos, com a derrota nazi-fascista, a geopolítica passara por um transitório eclipse, revigorando novamente na chamada Guerra Fria, defendendo claramente seu conteúdo ideológico com as duas superpotências da época: Estados Unidos e União Soviética.
Conforme Pierre George , a Geopolítica alemã foi “a pior das caricaturas da Geografia na primeira metade do século XX, justificando autoritariamente qualquer reivindicação territorial, por pseudos-argumentos científicos” (p. 70). É responsável pela catástrofe da Alemanha atual, não sendo sem razão o suicídio do Major-General Karl Haushofer em 1945, que influenciou Hitler a assumir o poder em 1933, com sua linguagem mística e palavras de ordem, o que representou o regime nazista, o que colocou em primazia, concluindo que a Geopolítica  é a Geografia do Fascismo.
            O livro faz uma análise geral do que aconteceu com o mundo na visão histórica e Geográfica durante o século XX, o texto é simples e de fácil entendimento baseado no ideal marxista do autor onde declara a catastrófica Geopolítica alemã criada pelos ideais Ratzelianos que determinou a hegemonia deste país durante a corrida imperialista justificando guerras, ganâncias pelo poder como o caso do nazismo Hitlerista, dando abertura para outros países como os Estados Unidos a lançarem neste processo de manipulação mundial que desfavorece os países dependentes que renunciam para alcançar tão alta proteção, à sua soberania econômica e política, passando a ser fornecedores de matéria-prima e mão de obra barata a preços fixados pelos compradores.
           



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