MARICATO, E. Na periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras

Bibliografia:

 MARICATO, E. “NA periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras”.In: Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana,  Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2001. (p. 15- 45)


Na periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras



Ermínia Maricato é arquiteta e professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, além de coordenadora do curso de pós-graduação da FAUUSP.
A autora demonstra no texto que o Brasil apresenta nos últimos 60 anos um crescimento acelerado na taxa de urbanização, cerca de 80,2% reside nos centros urbanos, o que o levou a análise de como estaria se fazendo este assentamento residencial, um gigantesco movimento de construção de cidade levando em consideração algumas necessidades básicas como transporte, saúde, energia, água, trabalho etc... Ainda que o crescimento urbano não tenha sido satisfatório a todas as necessidades, o território foi ocupado improvisando todos os milhões de habitantes que constituem o centro urbano.
“A tragédia urbana é fruto de décadas vividas , em especial a partir da privatização da terra (1850) e da emergência do trabalhado livre (1888)”. (p.23)
É ressaltado a reforma urbana realizada no Brasil em quatro períodos históricos. Em 1930 foi significativo para o fortalecimento do mercado interno, desenvolvimento das forças produtivas, diversificação, assalariamento crescente e modernização da cidade. Em 1950, foi marcado por produzir bens duráveis e de produção o que fez com que essa nova dependência, o centro das atenções ficasse cada vez mais externo ao país, fazendo com que se distanciasse cada vez mais das necessidades internas, e a dependência aprofundasse mais em relação à fase anterior causando assim a divisão internacional do trabalho.
A autora revela o caráter predatório dessa industrialização, diante de um infraconsumo da maior parte da população, implantando o desperdício na substituição de produtos que é própria dos países desenvolvidos.
Em 1964, a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH) integrado como Sistema Financeiro da Habitação (SFH), fez com que ocasionasse uma mudança das grandes cidades, com a verticalização promovidas pelos edifícios de apartamentos. Infelizmente não impulcionou a democratização do acesso a terra via instituição da função social da propriedade como estava previsto na proposta da reforma urbana, e sim jogou a população em áreas inadequadas ao desenvolvimento racional.. Essa década ficou conhecida como década perdida, onde a concentração da pobreza é urbana, concentradas em morros, alagados em planícies marcadas pela pobreza homogenia. Nos anos 80, acontece uma novidade no padrão da urbanização do Brasil, dentre essas, a diminuição da taxa de natalidade e de mortalidade e aumento da esperança de vida ao nascer, mesmo que esses dados apresente a melhora da vida da população brasileira, essa melhora não está ligada ao processo de urbanização, e sim as informações, campanhas de vacinação, serviços de água potável entre outros que são mais acessíveis em meio urbano.
O texto caracteriza todo o processo vivido desde os anos 40 no Brasil, infelizmente, a desigualdade social é um fato que nos acompanha anos e anos, de geração a geração, causando a separação de classes e privilégios, a minoria da sociedade brasileira desencadeando um círculo vicioso onde o desemprego, a marginalização e trabalhos informais são frutos da maior parte da população brasileira que vive em condições precárias de estrutura urbana e social. Apesar do Brasil ter apresentado um crescimento econômico acelerado durante o período analisado, o PIB brasileiro no século XX revela um crescimento da economia em contraponto, o salário mínimo decresceu quatro vezes o que nos relata que o indicador sócio econômico do poder aquisitivo da população não é compatível com a colocação do crescimento econômico que atribui ao Brasil a décima colocação entre os PIBs mundiais, não implicando portanto em um desenvolvimento humano igualitário, aprofundando mais ainda a exclusão social.

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