JAPÃO: DO NASCIMENTO DA POTÊNCIA À CRISE

JAPÃO: DO NASCIMENTO DA POTÊNCIA À CRISE

A era Meiji, que se estende de 1868 a 1912, foi de fundamental importância para o Japão, porque foi nesse período que o país se modernizou. Tendo o Estado como agente indutor do processo de modernização-industrialização, o Japão emergiu como potência já no início do século XX. Nesse período, o Estado encarregou-se de abrir o país ao exterior, de investir em educação, de implantar a infraestrutura necessária para a industrialização, de abrir as primeiras fábricas (que com o tempo foram vendidas aos clãs mais poderosos do país), de investir na sua capacitação bélica etc.
No início do século XX, o processo de industrialização japonês deparou com um problema estrutural que, se não fosse resolvido, poderia inviabilizá-lo: a escassez crônica de matérias-primas e de fontes de energia, a limitação de seu mercado interno e a exigüidade das terras agricultáveis. Na tentativa de solucionar esses problemas, o Japão trilhou o mesmo caminho já seguido pelos europeus e norteamericanos, ou seja, procurou expandir-se territorialmente.O imperialismo japonês apoderou-se de vastos territórios no leste e sudeste da Ásia: Manchúria e outras partes da China, Coréia, Hong Kong, Filipinas, Indochina etc. A fase de maior expansão territorial coincidiu com a Segunda Guerra Mundial, que, no entanto, também marcou o fim do imperialismo japonês após a sua derrota.Teve um papel fundamental no processo de recuperação do Japão no pós-guerra a intervenção norte-americana, durante o período de ocupação, impondo aos japoneses uma série de reformas de cunho modernizante, ao mesmo tempo em que canalizava 2,5 bilhões de dólares (entre 1947-50), a título de ajuda. Além disso, o país dispunha de numerosa mão-de-obra, barata e qualificada, que durante muito tempo foi bastante explorada, possibilitando altos lucros aos industriais. Paralelamente, o Estado investiu maciçamente em educação, pesquisa, desenvolvimento e infra-estrutura, atuando ainda na economia como agente planejador. A reconstrução das fábricas e da infraestrutura em bases mais modernas permitiu, num curto período de tempo, um grande aumento de produtividade.O Japão é, devido à limitação de seus recursos, um grande importador de matérias-primas agrícolas, minerais e fósseis, de energia e de alimentos, que são, em geral, mercadorias baratas. A muitos desses produtos primários agrega capitais, tecnologia sofisticada, mão-de-obra qualificada e bem-remunerada, produzindo bens de capital e de consumo que são exportados em grande escala por preços relativamente muito maiores, o que lhe permite obter grandes vantagens no comércio externo. O Japão é um grande exportador de automóveis, produtos eletrônicos em geral, navios, relógios, motocicletas, produtos fotográficos e cinematográficos, máquinas, aço etc.As principais concentrações industriais aparecem no eixo da megalópole japonesa, especialmente no sudeste da ilha de Honshu. Deve-se destacar, no entanto, as regiões de Tóquio e Osaka, que juntas concentram cerca de metade da produção industrial do país.6. O principal tecnopolo japonês é a Cidade da Ciência de Tsukuba, localizada a uns 60 quilômetros a nordeste de Tóquio. Sua implantação desde o início (anos 60) ficou sob a responsabilidade do governo japonês, que ao longo dos anos 70 e 80 construiu diversos centros de pesquisas. Essa é a principal diferença em comparação com o Vale do Silício, nos Estados Unidos. Enquanto Tsukuba foi um projeto governamental, no início todo bancado pelo Estado japonês, o Vale do Silício é, desde o início, um empreendimento eminentemente privado, dominado por grandes corporações norte-americanas, como a HP e a Intel. Atualmente há em Tsukuba 46 institutos governamentais de educação e pesquisa, entre os quais a Agência NacionalEspacial do Japão (Nasda), o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada (AIST) e a Universidade de Tsukuba. Desde meados dos anos 80 muitas empresas privadas também têm se instalado nesse tecnopolo.O grande acúmulo de riquezas no país provocou uma crescente especulação com ações, levando a uma enorme alta na Bolsa de Tóquio. Enquanto isso, os bancos japoneses fizeram grandes empréstimos sem critério, principalmente para o ramo imobiliário, o que provocou uma grande especulação nesse setor. Os preços dos imóveis no Japão subiram exageradamente, transformando-se nos mais altos do mundo. Essa bolha especulativa – financeira e imobiliária – estourou no início dos anos 90. Os preços das ações e dos imóveis despencaram, fazendo a crise se propagar pela economia real. Os bancos, não tendo como receber dos devedores, não faziam novos empréstimos. Muitas empresas – indústrias, bancos, corretoras etc. – foram à falência, levando o país à estagnação econômica.

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