RIBEIRO, Darcy. A Urbanização Caótica.

RIBEIRO, Darcy.  A urbanização caótica.  In. ---.  O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil.  São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp.  193 – 204.

Darcy Ribeiro relata a formação civilizatória  das cidades brasileiras pautadas nas instituições tradicionais que tiveram sua influência diretamente associadas ao desenvolvimento sócio-econômico do país.
Tais instituições tradicionais citadas pelo autor, tanto foram responsáveis pela formação estrutural como social das cidades brasileiras. A escola, a igreja e a política, perpetuaram durante a evolução histórica como agentes de transformação, que com o passar do tempo, digo atualmente, não exercem mais o seu poder de controle e de doutrinação. “A escola não ensina, a igreja não catequiza e os partidos não politizam.”(p.207)  
A causa da urbanização caótica vigente no país, é resultado da produção da sociedade no decorrer dos anos, esta se dá desde a chegada dos europeus do ocidente, na conquista de um país colonial,  miscigenada com os índios, que aqui viviam, com os negros africanos importados para a mão-de-obra dos tempos da escravatura, até a chegada dos imigrantes expulsos da Europa, marcando o período em que ocorre o processo de industrialização no Brasil.
A industrialização e a urbanização são processos complementares. Ambos tiveram início no governo de Getúlio Vargas. A política de capitalismo de Estado e de industrialização de base, provocou a maior reação por parte dos privatistas e dos porta-vozes dos interesses estrangeiros, levando o governo a uma desmoralização.  Tal fato viria a desencadear posteriormente, com Juscelino Kubitschek, a industrialização substitutiva, ou seja, o processo de fornecimento de subsídios que facilitaram a entrada de indústrias no país a fim de aumentar o dinamismo da economia nacional a partir do estado de São Paulo -  pólo de colonização interna, crescendo exorbitantemente e coactando o desenvolvimento industrial de outros estados.
A industrialização oferece emprego urbano ao homem do campo. Este processo levou as metrópoles do Brasil a absorverem imensas parcelas de população rural, que por sua vez se viu obrigada a sair do campo em função do processo evolutivo da tecnologia, do monopólio dos latifundiários e do direito implícito de se manter a terra improdutiva . A falta de infra-estrutura das cidades brasileiras, despreparadas para receber este grande  contingente populacional na década de 1940 a 1960, teve como conseqüência os inchaços dos grandes centros urbanos em todo o país, uma ocupação desordenada do espaço pelo homem.  Estes e mais outros tantos fatores estiveram então, desde o início, ligados intrinsecamente a outros aspectos do caos urbano, tais como o desemprego, a marginalização, o tráfico de drogas, a prostituição infantil e a perda da moral de uma sociedade.
A problemática que o Brasil enfrenta, não é de fácil resolução, como aponta Darcy Ribeiro.
“...É necessário um programa de reestruturação econômica que permita garantir emprego a essas massas dentro de prazos previsíveis, mais os tecnocratas dos últimos governos só vêem uma saída, a venda a qualquer preço das indústrias criadas no passado, seguida do mergulho da indústria brasileira no mercado global, com a confiança que eles nos dará a  prosperidade, se não para o povo trabalhador, ao menos para o que estão bem empregados no sistema econômico...”(p.204)

A formação do Brasil é fruto de nossos antepassados, um país rico com uma população sedenta de modernização e de progresso. Ainda que ancorada no passado, representamos a tarefa e a responsabilidade de nos tornamos uma nação progressista e justa para o desfrute de nossas gerações futuras, pois é assim que se faz a história de uma nação, produzindo hoje o que reproduziremos no amanhã.

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