CORRÊA, R.L. O espaço regional.

CORRÊA, R.L. O espaço regional.  In: Região e organização espacial. SP.Ática, 1990. Pp. (99 a 107).


Roberto Lobato Corrêa exerceu a função de pesquisador no Departamento de Geografia do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no período de 1959 à 1993 e atualmente é professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde atua desde 1971. Em sua vasta produção, publicou vários artigos em diversas revistas de âmbito geográfico. Foi o organizador de alguns livros e escreveu ainda três pequenos manuais (a rede urbana, o espaço urbano e região e organização espacial) que são de fundamental importância para o entendimento do espaço geográfico.
Em seu texto O Espaço Regional, Roberto Lobato analisa o espaço regional, observando sempre a infinidade de definições e adjetivos que esta expressão carrega em si.  Isto porque ele afasta a noção de elemento para dar lugar à noção de  aspecto, propondo o espaço regional como “uma porção organizada de acordo com um sistema e que se insere num conjunto mais vasto”.
O autor distingue dois tipos de regiões: a região natural e a região histórica. A primeira seria uma parte do espaço terrestre que se constitui através da intervenção de dados físicos; no qual as conseqüências de um fato natural correspondem à sua evolução geográfica. Podemos dizer, portanto, que a região Amazônica é um exemplo deste tipo de região, pois é um conjunto caracterizado pelo clima; a sucessão de paisagens dessa parte do globo é o resultado da combinação de inúmeros fatores físicos (vegetação, hidrografia etc.). A região histórica, de acordo com o autor, seria o produto de um longo passado compartilhado por uma coletividade e que ocupou um determinado território; o espaço que foi configurado pelas peculiaridades e necessidades de uma determinada cultura. Donde pode-se inferir que na região histórica o aspecto político passado prevalece sobre a paisagem.  A região da Borgonha na França é um bom exemplo, pois sua formação e importância devem-se às ações de comunidades que ali mantiveram durante séculos uma prática habitual de plantio e colheita (principalmente de uvas e mostarda) em pequenas propriedades.  Assim, as paisagens dessa região foram sendo agrupadas  e moldadas pelo complexo político e social que ali se desenvolveu.
 A existência das cidades e de suas relações são de fundamental importância para a formação das regiões, principalmente quando constituem pólos – “conjuntos de unidades motoras que exercem efeitos de atração, frente a outros conjuntos econômico e territorialmente definidos” (Perroux).   A polarização só é possível onde há concentração urbana com uma rede convergente e diversificada de vias de comunicação e de linhas de telecomunicação, fazendo com que haja inter-relações com outras regiões polarizadas, funcionando assim como uma rede urbana complementar de relações hierarquizadas.
As regiões, tais quais os organismos, nascem, desenvolvem-se e perecem.  Ao longo de sua existência sofrem alterações dos mais diversos tipos (ocupação/desocupação humana, mudanças climáticas etc.), às vezes internamente, às vezes em suas orlas e limites.  Cabe ao pesquisador estudar as regiões individualmente, percebendo suas coerências e articulações para entende-las melhor e assim ter uma noção o mais exata possível da organização do espaço geográfico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário