Indústrias Japonesas no Brasil

Tsunami nos negócios

Empresas japonesas no Brasil ainda sentem os efeitos da tragédia que colocou o Japão em nova recessão

Por Hugo Cilo
O tsunami que varreu o Japão no início de março, fez o PIB do país encolher 3,7% no primeiro trimestre e empurrou a terceira maior economia do planeta a uma profunda recessão, começa a fazer estragos no Brasil. Mesmo quase 40 dias após o desastre, a falta de peças e a suspensão de parte das exportações do Japão hoje obrigam as multinacionais nipônicas presentes no Brasil a promover manobras para evitar prejuízos. 
Na sexta-feira 27, a Toyota, maior montadora do mundo, paralisou pela quarta vez, em um mês,  as linhas de montagem em Indaiatuba, no interior paulista, por falta de componentes que eram trazidos das fábricas da companhia no Japão. “Estamos sem módulos de injeção eletrônica, chicotes, utilizados no sistema elétrico do motor,  e peças que o Brasil não produz”, diz um diretor de produção da montadora, que não quis ser identificado. “Sem esses componentes, não temos como produzir.”
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Linha de produção da Honda: sem peças, fábrica no interior de São Paulo reduziu de 600 para300 a montagem diária de veículos 
Problema semelhante causou ainda mais estragos na Honda. Também em decorrência da escassez de peças, a empresa anunciou, no último dia 18, que cortará a produção pela metade a partir de junho. A freada brusca na linha de montagem já resultou na demissão de 400 funcionários na fábrica de Sumaré (SP). 
O corte representa 12% da força de trabalho da  unidade. Outros 800 funcionários temem que a demora no restabelecimento da produção – que pode demorar até seis meses para ser plenamente normalizado – cause novas demissões. A produção diária, que já foi de 600 veículos, cairá para 300 unidades.
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Apesar dos inegáveis prejuízos às montadoras de automóveis, algumas gigantes japonesas têm conseguido driblar com habilidade os problemas causados pelo tsunami. A fabricante de eletrônicos Sony, em Manaus, recorreu a fornecedores na China, Coreia do Sul e no México para abastecer as linhas de produção no Brasil. 
“Tivemos muita velocidade na recuperação, e não faltou uma peça sequer no mercado brasileiro”, diz o gerente-geral da Sony Brasil, Carlos Paschoal. No Japão, a Sony teve cinco fábricas destruídas pelo tsunami – duas delas voltaram a operar nesta semana. As paralisações dessas unidades causaram perdas de aproximadamente US$ 3 bilhões.

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